Lenda do Dragão, símbolo de Liubliana
Em Liubliana, no tempo dos dragões, vivia um dragão macho. Era um dragão grande e muito forte. Voava com tanta velocidade que todos dragões fêmeas o admiravam. Às vezes, subia ao ponto mais alto do castelo. Escondia-se por trás duma torre e lançava fogo sobre a cidade. As pessoas refugiavam-se nas casas e só os mais corajosos ficavam nas ruas. O dragão adorava comer pessoas, mas como não era um animal muito mau, não gostava de prejudicá-las de mais e comia-as só duas vezes por semana em pequenas quantidades. Depois da refeição, gostava muito de meditar ao pé duma tília centenária num monte que se chama Roznik e que actualmente fica na cidade de Liubliana. Antigamente, ficava fora da cidade e era a zona preferida dos dragões.
Um dia quando o dragão meditava no seu lugar preferido, apareceram ao pé dele dois dragões fêmeas e começaram a conversar com ele amavelmente. O dragão ficou fascinado com as duas, mas como os dragões costumam ter só uma namorada, decidiu que ia ficar com a mais amável. A mais amável não era a mais bonita, mas tinha um charme que o cativou totalmente. Ficou tão apaixonado que já não olhava para mais nenhuma outra. Dessa paixão, nasceu um pequeno dragão que se parecia com um lagarto. O pai ficou triste porque não tinha imaginado que ia ser pai de um dragão tão fraco que nem parecia um dragão. A fêmea deixou de lhe dar atenção e dedicou-se totalmente ao filho. O dragão ficou tão triste que se escondeu na sua gruta e chorou dias e noites. Chorou tanto que fez subir as águas do rio Liublianica.
O pequeno dragão crescia e quando tinha mais ou menos 150 anos, que correspondem a cerca de 15 anos na idade humana, o pai dragão quis mostrar-lhe como é que se comportam os verdadeiros dragões. O pequeno dragão não era nada parecido com eles. Gostava muito das pessoas, de poesia e adorava estar sentado numa ponte do rio Liublianica e observar os namorados à noite. Para ele, a coisa mais importante da vida era criar e amar. O dragão pai não gostou nada do comportamento do filho.
Um dia mostrou-lhe como se fazia um fogo assustador que punha de joelhos todas as pessoas. O filho disse ao pai: «Isso não é nada. Olha para mim!» O pequeno dragão subiu ao céu por cima das cabeças das pessoas assustadas fez piruetas mais espectaculares do que todas as que as pessoas já tinham visto e ao mesmo tempo cantou uma canção que tinha composto na véspera sobre o rio Liublianica e os seus namorados. Todas as pessoas ficaram estupefactas. Nunca tinham visto um dragão artista. Após o espectáculo o dragão foi descansar sobre a ponte do costume. Os seres mágicos que naquela altura viviam no rio gostavam muito dele. Enfeitiçaram-no para ele adormecer, estar sempre ao pé deles e ter uma vida mais longa. Quando as pessoas viram que o dragão ia ficar na ponte, disseram ao escultor mais famoso da cidade que fizesse mais três estátuas com dragões iguais ao dragãozinho artista.
Em sua honra, a ponte passou a chamar-se Ponte de Dragão.
O dragão está a dormir profundamente e a sonhar, mas um dia vai acordar e fazer companhia às pessoas de Liubliana.
Adaptação para português de Mateja Rozman